ATA DA TRTRIGÉSIMA QUQUINTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 10.10.19-10-1991..

 


Aos dez dias do mês de outubro outubro do ano de mil novecentos e nooventaenta  e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua TrTrigésima Quinta Sessão Solene da da Terceira Sessão  Legislativura Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega dos Títulos de Cidadãos Eméritos à Senhora Dileta A. P. Silveira Martins e ao Senhor Antonio João Silvestre Mottin, concedidos através dos Projetos de Resolução nºs 61 e 60/90 (Processos nºs 2558 e 2525/90) respectivamente, de autoria do Vereador Elói Guimarães. Às dezessete horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Antonio Hohlfeldt, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Norberto Rauch, Reitor da Pontifícia Universidade Católica – PUC; Senhor Luiz Carlos Machado, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; Senhor Pajehu Macedo e Silva, Ministro do Tribunal Superior do Trabalho; Senhor Antonio João Silvestre Mottin, Pró-Reitor de Extensão da PUC e Homenageado; Senhora Dileta A. P. Silveira Martins, Professora da PUC e Homenageada; Senhor Luis Silveira Martins, esposo da Homenageada; e o Vereador Leão de Medeiros, 1º Secretário da Casa. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para ouvirem, de pé, o Hino Nacional. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Elói Guimarães, em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PMDB, PCB, PFL e PL, e proponente da homenagem, disse ser este um momento de júbilo, quando nesta Casa são homenageadas pessoas intelectuais como as de hoje. Citou obras, trabalhos, teses desenvolvidas por ambos os homenageados, bem como suas atividades no decorrer de suas vidas em prol da educação nos estabelecimentos de ensino. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, discorreu sobre a solenidade de hoje, dizendo que não teria momento mais oportuno do que este para outorgar a dois professores o título de Cidadão Emérito, sendo esse título o maior que a Câmara concede, por que emérito é insigne e está acima, pertencendo a uma elite, que são poucos. Ressaltou, ainda, que estão sendo homenageados dois professores tão brilhantes exatamente na Semana do Professor. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PT, reportou-se acerca dos cursos que os Professores ministram na Pontifícia Universidade Católica, ressaltando sua importância para o desenvolvimento do ser humano. Afirmou, ainda, ser a educação o grande desafio de nosso País, portanto, nunca é tarde para homenagear aqueles que respondem por esta área ao longo de sua vida. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Vereadores Elói Guimarães e João Dib a procederem à entrega dos Diplomas à Professora Dileta Silveira Martins e ao Professor Antonio João S. Mottin, respectivamente, e o Ver. Leão de Medeiros fez a entrega de recordação da Casa à Homenageada. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, dos Senhores Antonio Bianchi, Francisco Jardim, João Gasparin, Macarte Moreira, Carlos Alberto Carvalho, Luiz Carlos Silveira Martins e Marcelo Silveira Martins, filhos da Homenageada, Antonio Olavo dos Santos, Irmão Faustino, Irmão Avalino Madallozo, Irmão Mainard Longhi, Antonio Gonzalez, Moacir Flores, e das Senhoras Ilda Flores, Patrícia Bins e Maria Luiza, e, também, passou às mãos dos Homenageados, correspondência enviada pelo Senhor Governador do Estado e do Vice-Governador com relação ao presente evento. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Homenageados, que agradeceram a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a Senhora Ângela G. Magalhães para fazer a entrega de flores à Professora Dileta Silveira Martins. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e cinqüenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Leão de Medeiros e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros  e Elói Guimarães, Secretário “ad hoc”, Secretário “ad hoc”. Do que eu, Leão de Medeiros,  1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e por mim.

 

 

O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): Declaramos abertos os trabalhos da presente Sessão Solene que se destina a homenagear à Srª Profª Dileta Silveira Martins e ao Sr. Prof. Antonio João Silvestre Mottin, conforme Requerimentos de nos 60 e 61/90, constituindo os Processos nºs 2525 e 2558/90, ambos de autoria do Ver. Elói Guimarães.

Convidamos a todos os presentes para, em pé, ouvirem o Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

O SR. PRESIDENTE: Compõem a extensão da Mesa, Luiz Carlos Pereira Silveira Martins e Marcelo Martins, Filhos da Profª Dileta Silveira Martins; Antonio Olavo dos Santos, irmão da Profª Dileta; o Irmão Faustino, Assessor da Reitoria; Irmão Avelino Madallozo, Vice-Reitor da PUC; Irmão Mainard Longhi, Diretor do Instituto de Letras da PUC; Prof. Antonio Gonzalez, Diretor da FAMECOS/PUC; Prof. Moacir Flores; Profª Ilda Flores, além da escritora Patrícia Bins, entre outros que temos aqui anotados.

Queremos, antes de mais nada, expressar à Professora Dileta, e me permito chamar ao Professor Antonio daquela forma que todos nós acostumamos, Irmão Elvo Clemente, da imensa satisfação que tenho na qualidade de duplamente aluno da Pontifícia Universidade católica e, hoje, como um dos professores integrantes do corpo docente dessa Universidade. Para mim é uma honra não apenas ter participado da votação da proposta, através do Projeto do Ver. Elói Guimarães, mas também de hoje estar aqui presidindo esta Sessão Solene, que inclusive retira uma injustiça histórica que esta Casa um dia cometeu, não por estes Vereadores que hoje estão, mas por injunções políticas que devemos ultrapassar, mas não necessariamente esquecer para que nos sirva sempre de lembrança de ter negado certa vez semelhante homenagem ao Irmão José Otão. Eu acho que também este ato de hoje redime esta falha que algum dia a Instituição já cometeu. Como dizia, dentro de um contexto diverso, mas que é para nós, de qualquer forma, uma lição de humildade, um aprendizado necessário.

Eu passo, neste momento, a palavra ao proponente das homenagens, o Ver. Elói Guimarães, que falará em nome da sua Bancada, o PDT e das Bancadas do PT, PCB, PMDB, PTB e PL.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Exmo Sr. Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente da Casa; Exmo Sr. Antonio Silvestre Mottin, Pró-Reitor de Extensão da PUC e Homenageado; Exma Srª Dileta Silveira Martins, Professora da PUC e Homenageada; Exmo Sr. Luís Silveira Martins, esposo da Homenageada. Aos que não compõem a Mesa: Luís Caros Pereira Silveira Martins e Marcelo Martins, filhos da Homenageada; Antonio Olavo dos Santos, irmão da Homenageada; Irmão Faustino, Assessor da Reitoria; Irmão Alvelino Madalozzo, Vice-Reitor da PUC; Irmão Mainar Longhi, Diretor do Instituto de Letras da PUC; Antonio Gonzales, Diretor da FAMECOS; professores, professoras, senhoras, senhores, alunos e intelectuais aqui reunidos. Este é um momento de júbilo para a Câmara Municipal de Porto Alegre. O proponente desta homenagem se incumbe de fazer a apresentação dos homenageados, diríamos desempenhar um certo papel de mestre de cerimônia, mas isto, diríamos como apresentá-los o Irmão Elvo Clemente e a Professora Dileta Silveira Martins, isso é o óbvio. Mas, esta homenagem se torna importante, fundamental, prezados ouvintes, para que demarque a estatura intelectual e cultural dos homenageados, devo dizer também, antes de trazer dados acerca dos homenageados, dizer que entendemos de unificar-se esta solenidade, porque são dois títulos que se processou na Casa de forma autônoma, a comenda ao Irmão Elvo Clemente e a comenda à Profª Dileta Silveira Martins, mas nós entendemos de unificar o ato no sentido e até porque se trata de mestres, de professores, educadores e orientadores da mesma área da ciência, das letras e das artes.

Nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu diria que o currículo, a biografia dos homenageados, evidentemente que não farei a leitura de todo o material, de toda a produção que os homenageados fizeram ao longo de suas histórias, como mestres, professores e intelectuais, mas alguns dados eu preciso dar: quem são os homenageados? De onde vieram? E a que se propõem e a que se propuseram?

O Irmão Elvo nasceu em Maróstica – Vicenza, na Itália, e em 1953 naturalizou-se brasileiro, é professor de Língua Portuguesa e Literatura do Curso de Letras, é Professor de Crítica Literária Brasileira, credenciado pelo Conselho Federal de Educação, para Mestrado e Doutorado de Lingüística e Letras desde 1972. A nossa cidadã Dileta Silveira Martins vem aqui de Júlio de Castilhos, familiares de seus pais militaram nas letras jornalistas, dirigiram jornais; seus antepassados pelearam em 1993 e 1923.

Também, é elenco de participações, de cursos. Lerei partes apenas, porque, veja, Sr. Presidente Ver. Antonio Hohlfeldt, se nós fôssemos ler toda trajetória intelectual, a educação dos homenageados, passaríamos aqui horas e horas. Então, apenas destacaremos alguns aspectos que achamos fundamentais serem colocados quando a Câmara Municipal de Porto Alegre, pelo que ela representa, pelo que ela sintetiza, pela representatividade e legitimidade que tem, concede o Título aos homenageados: Profª Dileta, licenciada em Letras pelo Instituto de Letras e Artes da PUC; Curso de Pós-Graduação em Lingüística e Letras pela PUC-RS, especialista na área de Teoria Literária pela PUC-RS; mestre em Letras pela PUC; Doutora em Letras à área de concentração; Profª também da rede estadual dos colégios Cândido de Godoy, Daltro Filho e Rio Branco; Profª de Língua Portuguesa do Instituto de Letras e Artes da PUC-RS. E por aí se vai.

Portanto, meus caros homenageados, senhoras e senhores presentes, um perfil, um desenho das figuras que hoje a Casa, para seu júbilo, homenageia. Figuras que deram a sua vida, o seu esforço e que, vejam bem, estão no auge, na plenitude até da beleza ambos irradiantes de enorme simpatia, e que muito darão ainda à cultura, ao saber, à educação do nosso Estado, da nossa Cidade e do nosso País. Esta é uma homenagem significativa, Ver. Presidente, Srs. Vereadores presentes, porque também aqui estamos homenageando, Magnífico Reitor, este grande complexo educacional que é a nossa Pontifícia Universidade Católica, um dos maiores complexos latino-americanos, e agora me dizia o Reitor, com a aquisição dos equipamentos na área da informática, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul se colocará dentre as maiores Universidades do mundo. Isto é altamente significativo, e esta homenagem que prestamos aos mestres, Irmão Elvo Clemente e Dileta Silveira Martins, também se faz uma homenagem à nossa PUC, aos seus professores, ao seu corpo docente, aos seus intelectuais, aos seus alunos. Diria que aqui também se homenageia alguém que foi, por assim dizer, o pontífice da educação em nosso Estado, a figura imortal e imorredoura do nosso querido Irmão Otão, figura que marcou o trajeto na vida da sociedade rio-grandense. Não se trata, Sr. Presidente e prezados presentes, de fazermos uma discussão acerca dos acertos e dos erros, das contradições que no andar da história as pessoas, as comunidades, as instituições cometem.

Portanto, fica aqui, também, a nossa grande homenagem, a nossa homenagem, não diria póstuma, porque somos cristãos e acreditamos, sim, que o Irmão José Otão está aqui sentado ao nosso lado, comungando conosco desta homenagem que hoje prestamos a essas duas figuras da sabedoria, da inteligência, da cultura, que são o Irmão Elvo Clemente e a Professora Dileta Silveira Martins. Recebam, portanto, as nossas homenagens, que é uma homenagem que tem o conteúdo de obrigação. A Casa, que representa a Cidade de Porto Alegre, que é o espaço mais legítimo da Cidade de Porto Alegre, a Cidade, por nosso intermédio, com a legitimidade que detemos, está fazendo o reconhecimento e a justiça que se impunha aos dois Mestres homenageados, que continuam nessa verdadeira saga sacrossanta de educar, de ensinar, de transmitir. Pelas vossas mãos passaram gerações e gerações e por vossas mãos, pelo vosso saber passarão muitas e muitas gerações; esta é a nossa homenagem, este é o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre.

Encerro, Sr. Presidente, para, em homenageando como homenageamos os nossos mestres, professores eméritos, e a nossa universidade, para uma rápida meditação: a Universidade, este laboratório magnífico, esta verdadeira oficina de idéias, meditando sobre esta realidade, e quando falo a Universidade, a PUC, estou a me referir à Universidade, Antoninho, de um modo geral. Às vezes, me parece que há uma certa dissociação entre a universidade e os diferentes segmentos de poder, e de resto, do conjunto da sociedade, porque a nossa universidade prepara, e prepara muito bem a PUC, mas não teríamos, e deixo esta meditação para a intelectualidade aqui presente, não deveria a universidade, por ser um laboratório rico, fantástico, onde está toda a intelectualidade, não teríamos que ter uma troca permanente e institucional de contribuições, não deveríamos, nós, Câmara Municipal de Porto Alegre, Prefeitura, Governo do Estado, Governo da República, associações privadas, partidos políticos ir à universidade, pois ela tem todo o desdobramento do saber humano, ali está armazenada toda a sabedoria, não teríamos que criar instrumentos permanentes, porque é comum dizer-se, e nós dizemos, “olha, vou consultar as bases, vou falar com este, ou aquele”, mas não estamos dizendo que devemos consultar a universidade, nos seus diferentes segmentos, nas suas diferentes faculdades, nos seus diferentes institutos onde está toda a inteligência, todo o saber.

Parece-me, Magnífico Reitor, que tínhamos que meditar, meus caros homenageados e intelectualidade aqui presente, para encontrar, porque a Pontifícia Universidade Católica é nossa, é da sociedade, ela é o instrumento, é a oficina, é a medida, a forma que molda a sociedade, o amanhã! Eu até indagaria, Presidente Antonio Hohlfeldt, se alguma vez algum de nós, Vereadores desta Casa, pegou, exemplificativamente, o Orçamento e foi ouvir o pensamento da Universidade a respeito da questão ligada às finanças do Município. Pois lá na Universidade tem os melhores instrumentos e as melhores cabeças! Alguma vez a questão ligada ao trânsito, a questão ligada à política, aos partidos políticos, chegou à Universidade para ouvir o pensamento, não pensamento político da Universidade, mas refiro-me ao pensamento técnico, ao pensamento científico. Então, tínhamos que encontrar fórmulas para estabelecer, de maneira institucional, permanente, um canal onde as instâncias de poder fossem buscar nas instâncias de formação, que é a Universidade, a seiva necessária para fazermos o Brasil a sociedade nova, o amanhã que todos queremos.

Encerro, abraçando a Profª Dileta Silveira Martins, o Irmão Elvo Clemente, do fundo do coração, com aquele abraço que traduz o anseio e reproduz aqueles valores que representam, como eu, homem que vem lá do fundo do campo, homem que vem da campanha. A vocês fica a homenagem não deste Vereador, absolutamente, mas da Casa, pelo que ela representa. Este título não é dádiva, não é um direito; mais do que isso é uma obrigação que neste Ato, com assistência tão qualificada, nós, neste momento, resgatamos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar as presenças do Jornalista Carlos Alberto Carvalho, Assessor de Imprensa da PUC; Professora Maria Luiza, da área de Pós-Graduação Lingüística e Literatura da PUC, entre outros convidados.

Queremos registrar que recebemos cartões do gabinete do Sr. Vice-Governador e, também, fonograma do Governador Alceu Collares, dirigido à Professora Dileta e também ao Professor Antonio João Silvestre.

Com a palavra o Ver. João Dib, que falará em nome do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmo Sr. Presidente Ver. Antonio Hohlfeldt, neste momento eu deixo todo formalismo de lado, porque sinto neste ambiente carinho, amizade e respeito. E digo apenas, não nominando ninguém que esteja na Mesa, mas nominando a todos, amigos, familiares e admiradores dos nossos homenageados, Prof. Irmão Elvo Clemente e Profª Dileta Silveira Martins. Disse Dom Pedro II: “Se eu não fosse Imperador, desejaria ser Professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências juvenis e preparar os homens do futuro”. Não teria momento mais oportuno do que este para outorgar a dois professores o título de Cidadão Emérito, e esse é o título que, no meu entendimento, é o maior que a Câmara outorga, porque emérito é insigne e está acima, pertence a uma elite, e são poucos. E nós estamos entregando aos dois queridos professores esse título exatamente na semana do professor. Não poderíamos ter escolhido data melhor do que esta para homenagear essas duas extraordinárias figuras.

Eu, evidentemente, não vou dizer das excelências dos homenageados, porque a maioria dos que aqui estão sabem mais do que eu. O Ver. Elói Guimarães já citou algumas das realizações, de cursos realizados pelos dois homenageados e dos títulos que eles possuem, e eu não vou fazer isso. Mas eu perguntei para uma aluna da Professora Dileta o que ela me diria da professora. Ela me disse: “Dá aula com dinamismo, permite o debate entre os alunos que com freqüência a interpelam e trocam idéias, é culta e brilhante”. Perguntei a um ex-aluno do Professor Elvo Clemente e ele me disse: “Competente, amigo, dedicado e muito capaz”. Então, eu não preciso dizer mais nada, porque vocês diriam melhor. Mas por que alguém veio lá da Itália ou de Júlio de Castilhos, chegou a Porto Alegre e conseguiu destaque, se tornou emérito? Hoje, os Senhores passam a ser professores eméritos, porque vocês receberam da Cidade de Porto Alegre esse título. Porque se uns são professores, cada cidadão, na sua atividade, procura fazer o melhor, ou talvez não procure. Há algum tempo eu ouvi uma pequena história: dois pedreiros trabalhavam, um mal-humorado, o outro cantando, mas, aparentemente, faziam o mesmo trabalho, e havia uma pessoa examinando, olhando os dois, verificou por que um estava tão mal-humorado e o outro cantava. Então, chegou para o mal-humorado e perguntou: “O que o senhor está fazendo? Não está vendo que eu estou fazendo uma parede?” Ele ficou quieto. Aí foi para o outro que fazia uma parede igual, e perguntou: “O que o senhor está fazendo? Mas, meu amigo, o senhor não vê que eu construo uma catedral”.

Então, os professores, aqui, vieram de longe, chegaram a Porto Alegre, se dedicaram a Porto Alegre, ao Estado e ao Brasil, é claro, porque eles querem construir uma catedral, eles querem construir mais, eles querem ser úteis, e este desejo de realizar, de servir faz com que eles sejam homenageados, hoje, pela Cidade de Porto Alegre. Mas, meus queridos professores, esta homenagem que está sendo tributada, agora, com todo o carinho e com todo o merecimento, também lhes dá responsabilidade. Esta construção da catedral vai ter que continuar com muito mais entusiasmo e, agora, com apoio de toda a Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidaria o Ver. Leão de Medeiros, 1º Secretário da Casa, para presidir os trabalhos a partir deste momento.

 

O SR. PRESIDENTE (Leão de Medeiros): Com a palavra o Sr. Vereador Antonio Hohlfeldt, na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Magnífico Sr. Norberto Rauch, Reitor da PUC; Exmo Sr. Luiz Carlos Machado, representando o Prefeito; demais membros da Mesa, muito especialmente Professora Dileta e Professor Antonio. Talvez, como Presidente prudente desta Casa, depois dos dois discursos, se limitasse a presidir os trabalhos e não falasse, até porque o Ver. Elói Guimarães nos representou, a Bancada do PT. Mas, acho que não sou tão prudente assim, ao menos neste momento. E, se troquei de lugar, foi para reproduzir aquele papel tradicional que temos numa sala de aula, o professor na tribuna e os alunos assistindo a aula.

É, portanto, como aluno da Pontifícia Universidade Católica, sobretudo como aluno do Irmão Elvo Clemente, que teve oportunidade de ter aulas com a Professora Dileta, que quero aqui me manifestar.

Manifestar-me na condição de Presidente da Casa, sim, porque, sem dúvida, os Vereadores Elói Guimarães e João Dib manifestaram as posições das Bancadas, mas houve a observação do Ver. Elói Guimarães, que ecoou numa preocupação que nós temos aqui na Casa. E eu, pessoalmente, de longo tempo, independente da Presidência, e que vem se apresentando crescentemente nos últimos tempos, em relação ao desafio que assumimos, os trinta e três Vereadores, de recuperar, gradualmente, apesar de todas as dificuldades que se colocam, a imagem da Casa política, da atividade política, portanto, das relações que se fazem necessárias com as diferentes Instituições, entre as quais, obrigatoriamente, a Universidade, e dentre elas, especialmente a PUC se coloca.

Queria destacar que achei extremamente importante que não tenha sido um Vereador que não tenha a tradição de trabalho, de profissão ligada às artes, como é o Ver. Elói Guimarães, que tem formação na área do Direito, que tenha sido o autor da proposição. Não teria vantagem alguma se fosse eu, ou algum dos outros Vereadores que militam profissionalmente nesta área. Todos nós conhecemos o trabalho do Irmão Elvo e da Professora Dileta. Mas, vindo de alguém de fora, neste sentido, parece que valoriza a proposição.

E parece que é importante que a homenagem se dirija simultaneamente a dois professores numa área que nestes tempos dedicados ao progresso, ao cientificismo não está deste lado, está naquela outra, que quase sempre, hoje, em certas perspectivas de valores é menosprezada, que é a área do humanismo, da literatura, das letras, que é a área de um saber que muitas vezes não aparece externamente, mas que é fundamental na formação dos povos e, sobretudo, na formação de uma coisa que tem nos preocupado crescentemente, que é a questão da ética da sociedade. E um curso de Letras é fundamental nesse aspecto. Houve, inclusive, uma experiência interessante na Universidade de Caxias do Sul de incluir, obrigatoriamente, no curso básico, cadeiras de ambas as áreas, áreas humanísticas e as áreas técnico-científicas como obrigatoriedade geral a todos, exatamente para tentarmos ultrapassar esta separação que, nos últimos anos, tem-se tentado construir e, às vezes, infelizmente, com sucesso entre estes dois campos, como se um se opusesse ao outro, como se a nossa área humanística não pudesse colaborar profundamente com a área técnico-científica, e se área técnico-científica não pudesse auxiliar profundamente a consciência humanística que todos nós devemos ter.

Também se coloca aqui um desafio, que é extremamente importante ao Brasil, como um País que, apesar de todos os discursos e das etiquetas, ainda não encontrou a sua afirmação absoluta e unitária, apesar de todos os campos de desenvolvimento. A educação ainda é o nosso grande desafio, portanto, nunca é demais, sem dúvida nenhuma, homenagearmos aqueles que respondem por esta área, como bem frisou, inclusive, o Ver. João Dib, ao longo de uma vida toda e que eu também participo, de certa maneira, e o trabalho que exerço já alguns anos como Professor e, nos últimos anos, dentro da própria Pontifícia Universidade Católica.

Da Professora Dileta, de quem não fui aluno, eu poderia dizer apenas que, parodiando o Ver. Dib, o que mais se ouve dentro do curso de Pós-Graduação é da competência da Professora Dileta e, parodiando o seu nome, é uma das diletas professoras dos alunos, sem dúvida alguma.

Do Irmão Elvo, que poderia também dizer – se não fosse uma falta de respeito do meu professor ou meu xará ou eu sou xará dele – que o papel que ele exerceu ao longo dos anos dentro da PUC deverá ser gradualmente reconhecido e louvado, talvez até a partir desta homenagem. Eu queria destacar apenas um dado, que me parece fundamental, sobretudo no contexto de hoje, de crise deste País, a manutenção da revista “Letras Hoje”, onde alunos, professores, intelectuais de um modo geral, expressam a sua opinião, os seus artigos, as suas pesquisas. O investimento permanente que a Universidade faz numa revista e que, certamente, do ponto de vista comercial, entre despesa e receita, obviamente não tem retorno, mas que, reafirmo, o trabalho cultural da Universidade se deve em grande parte, se não totalmente, ao Irmão Elvo. E, com esta menção, quero destacar o tanto que o Professor Elvo Clemente, Dr. Antonio Mottin, vem realizando.

É interessante que, como nestes atos que esta Casa realiza, nós acabamos por reencontrar pessoas que, ao longo dos anos, cruzaram os caminhos de diferentes pessoas que aqui estão. Vocês viram cruzar por aqui, o tempo todo, o fotógrafo – que não estou vendo mais, agora, vai ver que ele adivinhou que eu ia mencioná-lo – pois este fotógrafo, que é o José Chuster Filho, foi o meu professor na 5ª série primária, quando era um Irmão Lassalista no Colégio São João, e que hoje trabalha, profissionalmente, numa outra área, e que está aqui nesta homenagem. O que me parece, de uma certa maneira, o exemplo destes entrelaçamentos que se constroem através da vida e que faz com que nós nos reunamos em oportunidades como estas para fazer homenagens e refletir sobre estas tantas voltas que a vida dá.

Naquela época, lá do Colégio São João, Lassalistas que brigavam com os Maristas, evidentemente, disputas fantásticas do São João com o das Dores, com aqueles chatos dos guris do Rosário, pedantes, que queriam brigar conosco e nos desafiar. Pois hoje aqui estamos, eu, na Presidência da Casa, e tendo esta felicidade de participar desta homenagem; o fotógrafo tem a mesma experiência pedagógica, extremamente importante, e Vereadores que, com toda a certeza, e convidados, tiveram as experiências mais diferentes possíveis, vindos das mais diferentes áreas possíveis e que nos reunimos, neste momento, nesta Casa. O Ver. Elói Guimarães levantava uma questão, a relação desta Casa, da Câmara de Vereadores, às vezes tão polêmica, mas, certamente, ainda o espaço fundamental que, tenho certeza, cada vez mais fundamental para o exercício da democracia e a discussão de idéias.

Nós queremos, Irmão Elvo, Magnífico Reitor, estamos nos inserindo crescentemente na discussão em torno do Mercosul e, sem dúvida nenhuma, esta Câmara terá um papel importante, dentre tantas outras instituições, para que neste Projeto de integração não fiquemos marginalizados. Certamente, Magnífico Reitor, Irmão Elvo, as Universidades terão um papel extremamente importante. Quero aproveitar a oportunidade para expressar, de maneira formal, além da homenagem, um convite – e se os Senhores quiserem um desafio –, estamos recebendo, vieram ontem, um grupo de Vereadores da Cidade de Rosário e São Lourenço. Rosário, a segunda maior cidade argentina, de dimensões semelhantes a Porto Alegre; temos um convite para um trabalho de integração. O grupo argentino já veio à Santa Maria para contatos com a Universidade Federal. Temos um convite para irmos a Rosário, com as nossas Universidades, PUC e UFRGS, e acho que nenhum outro momento melhor do que esta homenagem para transmitir esse convite que a Casa faz à PUC, através de seu Reitor e seu Pró-Reitor de Extensão, a fim de que Porto Alegre tenha influência nesses projetos, inclusive com a experiência fundamental de uma Universidade que tem um campus avançado, nos confins deste País, onde ocupa gradualmente um território e se reafirma a nacionalidade com o necessário respeito àqueles que têm a diferença, os que são, sem dúvida, os nossos antecedentes, que são as comunidades indígenas do Amazonas.

Portanto, Professora Dileta, Magnífico Reitor e Irmão Elvo, nós expressamos a nossa felicidade, nesta tarde, neste ato, ao mesmo tempo em que convidamos para estar aqui, a mais do que estar aqui nas eventuais ocasiões, estreitar relações, enquanto Instituições e, sobretudo, avançarmos na representação da Cidade e de nosso Estado. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE(Antonio Hohlfeldt): : Passamos à entrega, propriamente dita, dos títulos que constam do Diploma. Convido o Ver. Elói Guimarães para que faça a entrega, primeiramente à Profª Dileta Silveira Martins, do Diploma que lhe concede o título honorífico de Cidadã Emérita pela valiosa contribuição do seu trabalho em prol do engrandecimento da Cidade Porto-alegrense, em 10.10.1991, documento firmado pelo Sr. Secretário, Leão de Medeiros, e por este Presidente. Convidamos para assistir ao Ato em pé. (Palmas.)

Pediria que o Ver. Leão de Medeiros fizesse a entrega à Profª Dileta de uma pequena recordação da Casa. Convidaria o Ver. João Dib para comparecer à Mesa, também. O Ver. Elói Guimarães fará a entrega do título ao Professor Antonio João Silvestre Mottin. (Palmas.) O Ver. João Dib fará a entrega da lembrança da Casa ao Irmão Elvo Clemente.

Antes de conceder a palavra aos nossos homenageados, nós queremos ainda registrar, com muita alegria, a presença dos demais Pró-Reitores da Pontifícia Universidade Católica, Professor Antonio Bianchi, Francisco Jardim, João Gasparin, o assessor especial da Reitoria Irmão Liberato, o Diretor do Direito da PUC, Professor Júpiter, e, com carinho muito especial, que é mais um amigo e ex-professor meu, que vejo aqui, o Professor Macarte Moreira, ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que eu gostaria, inclusive, de convidar que ocupasse à Mesa conosco, a partir desse momento.

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra a Professora Dileta Silveira Martins.

 

A SRA. DILETA MARTINS: Sr. Presidente, Ver. Antonio Hohlfeldt, senhores, senhoras e amigos presentes a esta Solenidade. (Lê.)

“Devo confessar aos senhores e às senhoras que, num momento solene como este, uma grande emoção toma conta de mim. O que poderei dizer aqui, quando tantas pessoas ilustres já passaram por esta tribuna? Volto a confessar: a minha emoção é muito grande por vários motivos. Primeiramente, porque eu estou recebendo uma homenagem da Cidade que há muito já é a minha própria cidade.

E agora me permitam um pouco de saudosismo. O escritor Álvaro Moreyra, ao relembrar sua terra, Porto Alegre, disse muito bem: ‘Porto Alegre... É um céu tão azul que eu nunca mais vi um céu tão azul. É um rio chamado Guaíba que tem uma ilha chamada Pintada. Minha terra... E me lembro de você, Riacho. Não porque fosse histórico ou porque fosse artístico, eu o amei desde pequeno, quando ia à Rua da Margem, e não sabia o que era a história e o que era arte. Quero-lhe bem há cinqüenta anos, pela sua humildade, pela sua doçura, pela sua poesia. Você não é um pedaço de água a andar vagarosamente entre duas beiras de terra da minha terra. Você, com aquela mesma ponte, aqueles salgueiros iguais e o céu caído em cima, mudando sempre, sempre outro, sempre diverso... Lembro-me de você, na última vez em que o vi. Não sei música. Se soubesse contaria como foi. Toda a cidade estava ali, dentro da solidão. O sol dormiu em você. Em você acordaram as estrelas. Riacho... pela sua água passaram todos os crepúsculos de Porto Alegre e alguns foram ao fundo’.

Quando cheguei na Porto Alegre de Álvaro Moreyra, criança, pelas mãos de meus avós, para estudar, nunca pensei que um dia, talvez, pudesse ser reconhecida por essa Cidade que foi minha desde o tempo dos passeios na Rua da Praia, na Praça da Matriz, do Colégio Sévigné, na rua da Igreja onde recebi a minha formação. Aqui vivi, aqui construí a minha família, aqui nasceram os meus filhos e, agora, os meus netos. E se a memória são as lembranças do passado e onde, segundo Santo Agostinho, “esconde-se tudo o que pensamos, quer aumentando ou diminuindo ou até variando os objetos que os sentimentos atingiram”, posso assegurar aos senhores que me vêm à tona, neste momento, recordações, associações dos meus primeiros anos nesta Cidade.

Natural de Júlio de Castilhos – do planalto serrano – terra que dividiu sempre o meu afeto, ao chegar em Porto Alegre a Cidade já estava no meu coração, porque era a Cidade de minha mãe e ela, saudosamente, me ensinou a amá-la.

E vocês, provavelmente, que agora me ouvem, estarão se perguntando por que esta professora está sendo homenageada? E eu lhes direi: estou sendo homenageada porque, como professora da rede estadual, completando quase 25 anos de exercício e professora da PUC/RS, estou recebendo um reconhecimento por um trabalho que não desenvolvi sozinha.

E quando V. Exª, Sr. Vereador Elói Guimarães, do PDT, propôs o nome do Professor Doutor Irmão Elvo Clemente e o meu próprio, para sermos agraciados por esta Egrégia Câmara Municipal de Porto Alegre com o título de Cidadãos Eméritos de Porto Alegre, V. Exª estava homenageando não só o trabalho desses professores, mas uma Instituição que representa parte da história da educação neste Estado e no Brasil. V. Exª e demais Vereadores desta Casa estavam homenageando uma Instituição que, através da práxis educativa marista, na qual Deus é o templo da própria sabedoria, se pauta pela reflexão e pela comunicação.

E nós, seus professores, somos parte dessa filosofia, estamos ligados à ação e à mensagem proposta por Marcelino Champagnat, que apresenta, já a partir do século passado, a educação como forma de mudança no processo social, formando, ao mesmo tempo, o cidadão e o cristão. E acredito, eu, é o que a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul tem procurado realizar através de seus educadores, de seus mestres.

Dessa forma, Ver. Elói Guimarães, V. Exas ao concederam a homenagem que ora recebemos estão, em nome da Cidade que representam, homenageando todas as pessoas que assumiram o conjunto de princípios norteadores da prática educativa dos religiosos e dos leigos que trabalham na PUC/RS.

E, neste momento, cabe-nos lembrar, com respeito, a figura insigne do Professor Irmão José Otão. Por ele e dele, nós, professores, recebemos objetivos claros na difícil e complexa causa da educação.

Quero também estender essa homenagem a todos os que se empenham nesta mesma perspectiva de educar: ao Magnífico Reitor da PUC/RS, Professor Irmão Norberto Rauch, que tem às suas mãos a tarefa de tão grande responsabilidade que é administrar, neste Brasil de perplexidades, uma Universidade particular, buscando uma linha educativa que, na pesquisa e no aperfeiçoamento da qualidade de ensino, possa promover integralmente o educando.

Estendo, ainda, Sr. Vereador, que tão generosamente propôs este título, essa homenagem a todos os Pró-Reitores, Diretores, Coordenadores e Professores dos diversos Institutos, bem como aos funcionários que, dedicadamente, constroem a grandeza e o futuro de nossa Universidade. E volto a dizer: a minha emoção é maior ainda, Sr. Vereador, quando desejo, especialmente, estender este título às pessoas que, nesta engrenagem de trabalho e de cultura que é a PUC/RS, contribuíram para que eu recebesse, neste dia, esta honrosa deferência.

Quero agradecer em particular ao Professor Doutor Irmão Elvo Clemente, meu mestre, e que, de aluna, a seu convite, por suas mãos, fui conduzida ao magistério universitário.

Não também posso deixar de fazer referência a todos os meus professores, formadores nos Cursos de Graduação e de Pós-Graduação, PUC/RS, impossível seria citá-los todos, os quais homenageio na pessoa nobre e magnânima do Professor Irmão Liberato – mais do que um mestre – um exemplo do magistério na sua mais profunda dimensão humana.

E volto a repetir: mais emocionada estou quando transfiro esta homenagem aos meus caríssimos colegas do Instituto de Letras e Artes, na pessoa de seu Diretor Irmão Mainar Longhi, que com justeza, respeito e simplicidade nos têm levado a criar e a compreender quão importante somos nesta Casa onde se cultiva a educação, a sensibilidade, se aprofunda a pesquisa científica, se aprimora a sociabilidade nesta árdua tarefa de educar.

Agora, uma palavra aos meus colegas, àqueles que compartiram e compartem comigo do trabalho anônimo que realizamos, dia após dia, àqueles que estão comigo e ao meu lado no carinho, na crítica franca e leal, sem vocês, colegas, eu não estaria aqui, hoje, recebendo essa homenagem. Ela é de todos nós – o Professor Doutor Irmão Elvo Clemente e eu apenas os representamos neste momento – vocês fazem parte integrante do reconhecimento que ora recebemos. É possível que o homem viva sozinho, mas é impossível que o homem trabalhe sozinho. Porque, como bem o disse Charles Chaplin, mais do que máquinas, nós precisamos de humanidade; mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. E vocês são tudo isso.

Ao concluir as minhas palavras de emoção e de agradecimento, quero deixar um pensamento aos nossos queridos alunos: razão mesma do nosso trabalho. Estou segura de que com eles, os alunos, eu tive sempre muitas lições de vida e talvez o que lhes pude mostrar, ao longo desses anos de convivência, foi que ninguém pode saber do que é capaz, se não tentar com simplicidade, que é o mais elevado grau de sabedoria.

Para finalizar, deixo meus sinceros agradecimentos pelo título honroso que me concede o Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Vereador Antonio Hohlfeldt, o nobre Ver. Elói Guimarães, do PDT, e os demais Vereadores dos diversos partidos presentes nesta Casa, neste Plenário. Estendo o meu agradecimento a todas as amigas que aqui estão conosco para nos homenagear”. Obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra Professor Antonio João Mottin, Irmão Elvo Clemente.

 

O SR. ANTONIO JOÃO MOTTIN: Exmo Sr. Vereador Antonio Hohlfeldt, Muito Digno Presidente desta Casa; Exmo Sr. Norberto Rauch, Mui Digno Reitor da nossa Universidade; minha prezada concidadã Professora Dileta Silveira Martins; caros Irmãos da Comunidade de São Tomás de Aquino; outros Irmãos representantes da Casa Provincial; prezados Pró-Reitores; prezados Diretores aqui presentes; prezados ex-alunos; prezados amigos; prezados sobrinhos aqui presentes e todos quantos me honram e me entusiasmam neste momento. (Lê.)

“A honraria, o título soam aos meus ouvidos como uma música vibrátil e cristalina despertando visões longínquas e sentimentos próximos. Meu profundo obrigado ao Ver. Elói Guimarães, autor do Projeto de Lei; obrigado à egrégia Câmara, que me concedeu tão alta distinção; obrigado a todos quantos contribuíram e contribuem para a magnificência deste ato.

Porto Alegre está em minhas retinas desde os três anos, quando a família Ângelo Mottin e Emília Scodro, com os filhinhos Antonio e João vinham de Gênova a São Paulo e de São Paulo a Porto Alegre, para depois seguirem para Garibaldi. A Capital recebeu aquela e outras famílias que vinham realizar o seu destino em terras do Rio Grande do Sul. Porto Alegre de 1924, dos meus cabelos louros, dos meus olhos grandes... Depois se passaram mais dez anos e aí de novo na minha adolescência Porto Alegre me recebia para os meus estudos no Instituto Champagnat. Na década de trinta a paisagem era outra, os morros eram verdes, povoados de bosques, onde rumorejantes regatos convidavam ao lazer e a despertar as cordas da lira... Depois veio um período de seis anos em Rio Grande, a cidade formosa, coroada de areias e luz… Quando no fim do ano vínhamos, Porto Alegre nos aparecia sorridente e acolhedora nas silhuetas das torres da Igreja das Dores e da chaminé da Usina, ao deslizar do Cruzeiro do Sul, que singrava diuturnamente as águas do Guaíba, da Lagoa dos Patos…

Depois o tempo parou no espaço e aqui estou há 45 anos: de estudos, de trabalho, de ensino no Instituto Champagnat, no Colégio do Rosário e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Se antes admirava a ‘mui leal e valorosa’ Capital, nestes nove lustros selou-se a aliança de amor e de trabalho na seara do ensino, da educação e da pesquisa, sempre para a dignificação da pessoa, para concretização das iniciativas do seu povo, quer pelos edis, quer pelo esforço da inteligência de empreendedores idealistas. Vivemos juntos este quase meio século de história de avanços, de contradições, de incertezas, mas sempre com o ideal de melhor servir grandes e pequenos, dando uma atenção especial à formação das jovens inteligências, dando não menos cuidados e esforços na preparação de mestres da Língua Portuguesa e das humaniores litterae

Formar os corações e as inteligências adolescentes e juvenis, formar mestres conscientes e dedicados à infância e à juventude, eis em poucas palavras a realidade do sonho de Marcelino Champagnat, ao criar o Instituto dos Irmãos Maristas das Escolas. Formar bons cristãos e honestos cidadãos, eis a meta sempre almejada e dificilmente alcançada, pois a semente, há de machucar, há de morrer para dar o verdadeiro trigo a ser apresentado no pão substancial do bem, do belo e da verdade. O amanho do campo da educação e da formação dos corações e das inteligências não admite pressa, não admite açodamento; requer paciência, esperança e confiança em Deus.

Nesta tarde em que o pôr-do-sol vai pintar com as mais belas cores a fímbria do horizonte, sinto-me feliz, plenamente realizado, porque os meus olhos cansados e os meus cabelos brancos não são iluminados por miragens, mas brilham na luz da realidade de uma vida inteira a sentir o pulsar da grande Cidade, colaborar com o seu povo e sua gente na construção da cidade dos homens, onde haja mais vida, mais esperança e mais amor”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Srª Ângela Guimarães, Presidente do Diretório Acadêmico Manoel Bandeira, do Curso de Letras da PUC, para fazer a entrega de flores à Profª Dileta Silveira.

 

(A Srª Ângela procede à entrega de flores à Profª Dileta Silveira Martins.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: No encerramento desta cerimônia, queremos registrar as presenças do escritos Antônio Carlos Rezende, Ver. Clovis Ilgenfritz, Líder do Partido dos Trabalhadores.

E queremos orientar os nossos convidados, que se encontram nas galerias, que o projeto da Casa, estamos, eventualmente, corrigindo, citamos que os nossos visitantes venham pela esquerda até o Salão Abel Carvalho, para levarem seus cumprimentos aos homenageados.

E queremos agradecer as presenças de todos os nossos convidados e, sobretudo, ao Ver. Elói Guimarães que nos propiciou, através do seu Projeto, de termos, aqui, a oportunidade desta homenagem à Professora Dileta Silveira Martins e ao Sr. Elvo Clemente. Encerramos as nossas atividades desta Sessão. Muito obrigado.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h 55min.)

 

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